Um dos problemas mais graves com que a Misericórdia de Vila Real se debateu, praticamente
desde as origens, foi o da sustentabilidade económica. Para exercer a sua missão assistencial
e religiosa, razão última da sua existência, esta Instituição, como as congéneres, necessitou
de constituir um património que lhe permitisse suportar as despesas que resultaram da sua
regular atividade.
Os seus encargos eram múltiplos e onerosos, com a conservação e manutenção do seu património;
o pagamento dos serviços de capelães e outros funcionários; a celebração de missas; as celebrações
da Quaresma e da Semana Santa, em particular as procissões; a aquisição de alfaias de culto;
os enterros; e a atividade assistencial.
As receitas da Instituição, desde as suas origens até ao século XIX, eram constituídas,
fundamentalmente, pelos bens vinculados a capelas e missas perpétuas, ou bens aforados
e emprazados, obrigados a pagar à Misericórdia uma certa pensão ou foro, em géneros ou dinheiro.
Outras fontes de receita como donativos, “esmolas”, dadas por particulares ou pelo rei, parecem ter
assumido pouco significado. De legados vultuosos até inícios do século XIX não chegou até nós
qualquer notícia – o que não quer dizer que não existissem.